Ao que tudo indica, a enorme feição parece ser o resultado do impacto de um meteorito de ferro que atingiu a ilha a 20 km por segundo. Segundo os pesquisadores, o choque liberou energia equivalente a 47 milhões de bombas atômicas.
Ilustração mostra a cratera preenchida de gelo, encontrada abaixo da geleira Hiawatha, no noroeste da Groenlândia. Crédito: Nasa/Cryospheric Sciences Lab/Natural History Museum of Denmark.
As primeiras suspeitas vieram em 2015, após estudos de imagens de radar do leito rochoso localizado 800 metros embaixo da geleira Hiawatha, no noroeste da Groenlândia. Nessas imagens, os cientistas observaram uma enorme depressão em forma de dente.
Em maio de 2016, os estudiosos fizeram um sobrevoo mais rigoroso da região e usaram radar para mapear a rocha subjacente, com detalhes incomparáveis. O estudo mostrou uma depressão com 30 km de diâmetro e 300 metros de profundidade, com todas as características de uma cratera de impacto.
"Ficou muito claro que esta era uma feição circular com um aro ao redor, dotada de uma região central elevada, típica de um impacto", disse Kurt Kjaer, ligado à Universidade de Copenhague.
Prova do Impacto
Para procurar uma prova sólida de um impacto, os pesquisadores voltaram à geleira e coletaram sedimentos que haviam sido levados da cratera para uma planície aluvial próxima. Entre os grãos reunidos, os cientistas encontraram partículas de quartzo prensados e outros materiais que são tipicamente produzidos pela violência de um impacto extraterrestre. Os testes geoquímicos dos grãos sugerem que o objeto impactante era feito de ferro.
Segundo Joseph MacGregor, cientista do Goddard Space Flight Center, da Nasa, e que participa dos estudos, para produzir uma cratera com essas características o meteorito deveria pesar cerca de 10 bilhões de toneladas.
Pesquisador Kurt Kjaer coletando amostras de areia na geleira Hiawatha. Crédito: Svend Funder/Centre for GeoGenetics/Natural History Museum.
"Você tem que voltar 40 milhões de anos para encontrar uma cratera do mesmo tamanho, então esta é uma ocorrência muito rara na história da Terra", explicou Kjaer. "Esta cratera está entre as 25 maiores que existem em nosso planeta", disse.
Para uma resposta final, os pesquisadores precisarão perfurar meio quilômetro de gelo e coletar material de cratera para datação ou esperar que as rochas da bacia de impacto sejam trazidas para a superfície à medida que a geleira flui para o mar.
Até agora, foi impossível estabelecer com certeza a idade absoluta da cratera, mas suas condições sugerem que ela se formou depois que o gelo começou a cobrir a Groenlândia, cerca de 3 milhões de anos atrás.
Entretanto, a cratera pode ter se formado muito mais recentemente, já que imagens de radar mostram que, enquanto as camadas superficiais da geleira imediatamente acima da cratera parecem normais, as camadas mais profundas, com mais de 12 mil anos, são gravemente deformadas e cheias de rochas, com alguns pedaços maiores do que caminhões
Datação de Material
"Vivemos em um planeta onde você pode pesquisar qualquer coisa e acha que sabe tudo", disse Kjær. "Mas quando você vê uma coisa tão grande como esta se escondendo à vista de todos, você percebe que a era das descobertas ainda não acabou".
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