A visita dos Ministros da Justiça, Defesa e Gabinete Institucional ao explosivo centro de Roraima foi uma visita que não tinha agenda.
O governo federal está trabalhando em um projeto para levar venezuelanos que estão em Roraima a outros estados do Brasil, afirmou nesta quinta-feira (8), o ministro da Justiça, Torquato Jardim. Ele não especificou para quais estados os imigrantes serão levados.
Ele e os ministros Raul Jungmann (Defesa) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) estiveram em visita oficial a Boa Vista nesta quinta-feira (8) para debater soluções para o intenso fluxo de venezuelanos. A prefeitura de Boa Vista diz que já há 40 mil imigrantes na cidade.
Em reunião com a governadora Suely Campos (PP) no Palácio Senador Hélio Campos, sede do Executivo, Torquato Jardim disse que o governo federal já está elaborando um projeto piloto para absorver a mão de obra venezuelana no Brasil. Ele não detalhou como será o plano e nem para quais estados os imigrantes serão levados.
"Boa parte desses imigrantes têm curso superior, são alfabetizados. Eles são qualificados", afirmou o ministro da Justiça durante o encontro que durou cerca de 20 minutos. "O projeto vai atender até mil venezuelanos em 90 dias".
Antes da reunião com a governadora, os ministros estiveram na Praça Simón Bolívar, na zona Sul da cidade, onde há cerca de 300 venezuelanos vivendo. No local, o ministro Raul Jugmann classificou a situação dos imigrantes como chocante.
Também foi anunciado pelo ministro:
- Reforço do policiamento da fronteira;
- Interiorização dos estrangeiros;
- Revalidação de diplomas para professores e médicos venezuelanos;
- Censo de venezuelanos que estão no Brasil.
Torquato Jardim também falou que o governo já tem um projeto para facilitar a revalidação dos diplomas de professores e médicos venezuelanos.
"Já existe no Ministério da Saúde um projeto para incorporá-los ao Mais Médicos aqui em Roraima e os professores vamos buscar revalidar para que essas pessoas daqui possam ser educadas por esses mestres".
Torquato comentou também sobre o censo dos imigrantes venezuelanos, anunciado pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, na semana passada.
“A longo prazo, a começar das próximas semanas, nós vamos fazer um censo para que tenhamos estimativas de quantos entram, quantos saem. Esse é um trabalho para que a gente saiba onde estão as demandas de Saúde, Educação, vacinação”.
Por fim, o ministro disse ainda que também será reforçada a presença de policiais federais, rodoviários federais, militares e civis na fronteira com a Venezuela.
Após a reunião com a governadora, os ministros seguiram para a Base Aérea de Boa vista e embarcaram, por volta das 14h, para o Suriname. Políticos e autoridades locais acompanharam a visita.
Imigração em massa
Roraima lida desde 2015 com a chegada desenfreada de venezuelanos, cujo êxodo é motivado pela crise política, econômica e social do país. Em 2017, foram registrados 17.130 pedidos de refúgio pela Polícia Federal.
De acordo com dados da prefeitura de Boa Vista, 40 mil venezuelanos vivem hoje na cidade, o que representa mais de 10% dos 330 mil habitantes da capital. Com isso, autoridades do estado cobram ações e recursos do governo federal para administrar a chegada dos venezuelanos.
A secretária de Gestão Social de Boa Vista, Simone Queiroz, defende a “interiorização” dos imigrantes, ou seja, levá-los a outras cidades ou estados com maior oferta de trabalho.
A proposta foi reforçada por quatro deputados federais que estiveram com o presidente Michel Temer na semana passada.
Os parlamentares Carlos Andrade (PHS), Hiran Gonçalves (PP), Shéridan (PSDB) e Remídio Monai (PR) também sugeriram ao presidente maior controle da fronteira entre Brasil e Venezuela e a instalação de um campo de refugiados com hospital de campanha.
Etchegoyen informou que o governo federal tem um projeto pronto de interiorização dos venezuelanos, inclusive com empresas e cidades interessadas em receber os estrangeiros. O modelo será apresentado na reunião desta quinta em Boa Vista.
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