Quando observamos uma bússola apontar no sentido dos polos magnéticos podemos acreditar que esse alinhamento permanece fixo o tempo todo, mas isso não é correto. Uma análise mais cuidadosa revelará que o ponteiro da bússola oscila quase que imperceptivelmente, durante 24 horas por dia.
Essa oscilação natural é causada pelas variações diárias do campo magnético terrestre e dependendo da hora do dia podem provocar desvios nas bússolas de até dois décimos de grau, tanto para o leste como para o oeste.
Esse fenômeno tem origem a mais de 100 km de altitude e é provocado principalmente pela ionização das camadas superiores da atmosfera. Ali, em uma região chamada ionosfera, emissões altamente energéticas provenientes do Sol no comprimento de onda do ultravioleta e dos raios-x deslocam os elétrons das moléculas neutras do ar (ionização), produzindo partículas carregadas que são conduzidas pelo ar.
Nos momentos próximos ao meio-dia, o Sol age com muita intensidade e gera mais correntes elétricas na ionosfera. Nos períodos noturnos, a ausência da radiação ionizante faz as cargas se recombinarem nas moléculas neutras, reduzindo a habilidade do ar em conduzir eletricidade, praticamente cessando o fenômeno.
Esses ventos se combinam com os ventos de maré criados pela atração gravitacional do Sol e da Lua e transformam a ionosfera em um verdadeiro dínamo gigante, gerando correntes que fluem pela ionosfera através do campo magnético da Terra na forma de dois loops fechados: um vórtice anti-horário no hemisfério norte e um vórtice em sentido horário no hemisfério Sul.
Esse movimento de correntes, junto ao movimento de rotação da Terra, produz as flutuações magnéticas vistas diariamente nas bússolas. O formato, tamanho e localização desses vórtices também explicam porque a variação magnética depende da latitude, já que a quantidade de radiação solar que incide sobre os hemisférios norte e sul varia de acordo com as estações do ano e também do ciclo solar.
Durante os períodos de baixa atividade solar, o desvio magnético diário não passa poucos décimos de grau, mas quando a ionosfera está submetida a um intenso bombardeio de partículas devido a uma explosão solar, desvios angulares entre 1 e 2 graus são facilmente observáveis e devem ser levados em consideração em sistema de navegação que utilizam bússolas em sua orientação.
Comentários
Postar um comentário