A crença de que o Brasil está livre dos grandes terremotos pode estar com os dias contados. O país já teve sismos de grande magnitude, um deles tão forte que inverteu o curso de rios e provocou um verdadeiro tsunami fluvial. E isso pode acontecer de novo.
Megaterremoto no Brasil
Embora os tremores no Brasil sejam fracos quando comparados aos que ocorrem nas bordas das placas, um estudo publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências demonstra que o Brasil já sofreu um poderoso terremoto estimado em 7.0 magnitudes em junho de 1690, nas proximidades de Manaus.
Podemos ter outro terremoto no Brasil?
Para Veloso, tremores parecidos com o de 1690 poderão repetir-se, não somente na Amazônia, mas em qualquer outra região brasileira, já, que o país é repleto de falhas geológicas.
Falhas brasileiras
O Brasil é cortado por uma enorme quantidade de falhas, entre elas o chamado Lineamento Pernambuco, uma falha geológica abaixo do território pernambucano, com 700 km de extensão e 30 metros de profundidade. A falha tem início no oceano Atlântico, na cadeia de montanhas submersas da Dorsal Atlântica e rasga o continente na altura de Recife, passando pelas cidades de Pombos, Bezerros, Caruaru, Pesqueira e Arcoverde, até terminar na divisa do Piauí, na altura do Sertão do Araripe.
Antigamente, era comum se afirmar que o Brasil era um país livre de grandes terremotos, já que a esmagadora maioria acontece quase sempre próxima às bordas das grandes placas tectônicas. Isso é parcialmente verdade, mas a posição privilegiada do país, praticamente no centro da placa tectônica sul-americana, não significa que estamos livres desse fenômeno natural.
O motivo é que, diferentemente dos terremotos provocados pela subducção de placas (quando uma placa tectônica mergulha abruptamente abaixo de outra) os sismos no Brasil são causados quase que totalmente ao longo das chamadas falhas geológicas, grandes e profundas cicatrizes que cortam a crosta terrestre e que vez ou outra desmoronam ou se acomodam poucos quilômetros abaixo da superfície.
Estudos recentes mostram que um sismo de magnitude 7 aconteça no Brasil a cada 500 anos e um tremor de 5 magnitudes, cada cinco anos.
De acordo com o autor do estudo, cientista Alberto Veloso, ligado à Universidade Nacional de Brasília, este tremor teve seu epicentro localizado na margem esquerda do rio Amazonas, aproximadamente 45 km abaixo da cidade de Manaus. Segundo Veloso, o sismo foi tão intenso que foi sentido em uma área superior a 2 milhões de km2, causou severos danos no terreno e produziu ondas no rio Amazonas que criaram um pequeno tsunami que inundou as aldeias indígenas nas margens do rio Urubu.
"Não existe nada similar em nossa história. Esse evento foi percebido a mais de mil quilômetros do epicentro e é sem dúvida o maior terremoto brasileiro", afirma o cientista, criador do Observatório Sismológico de Brasília. "As águas do Amazonas balançaram de forma incomum, com tanta força que inverteu o fluxo do rio Urubu, inundando aldeias a cerca de 5 km de sua foz", completou.
Segundo o professor, estima-se que um sismo de magnitude 7 aconteça no Brasil a cada 500 anos e um tremor de 5 magnitudes, cada cinco anos.
Mesmo os abalos menores podem fazer estragos em construções frágeis, comuns pelo país afora. Em 1986 um abalo de 5.1 danificou cerca de 4.500 construções e desabrigou mais de 25 mil pessoas em João Câmara, RN. Já tivemos tremores de 6.1 e 6.2 que só não causaram danos importantes por terem epicentros em áreas despovoadas.
Outra falha muito importante e causadora de grandes sismos no Nordeste é a falha geológica de Samambaia, com 38 km de comprimento por cerca de 4 km de largura. A enorme cicatriz atravessa os municípios de Parazinho, João Câmara, Poço Branco e Bento Fernandes, no Rio Grande do Norte. Sua profundidade varia entre 1 e 9 km.
O famoso terremoto de João Câmera (RN) e os famosos enxames sísmicos de Pedra Preta (RN) ocorreram devido a essa falha.
Próximo à Samambaia se encontra a falha geológica de Poço Branco, que apesar de ser bem menor também contribui por alguns tremores naquela região.
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