Em meados
de outubro de 2014, os suecos procuravam um submarino russo na costa
de Estocolmo. Essa foi a maior mobilização militar desde a Guerra Fria.
A geopolítica na Região Nórdica centra-se nos embates entre a Suécia e Rússia, no tocante à política de segurança e na expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) rumo ao Leste Europeu. Recentemente, o Governo sueco vem debatendo a concordância do país no âmbito do Acordo de Anfitrião, que aproximaria Estocolmo da estrutura deste organismo militar e cuja decisão poderia despertar o reforço militar russo nas fronteiras, além de esvaziar a já dificultosa relação entre os dois países.
O Acordo prevê o uso do território sueco para base operacional em momentos de exercícios, e facilitaria a mutualidade em momentos de crises que porventura o Bloco venha a enfrentar. Todavia, não existe consenso entre os políticos e militares suecos, pois a implementação deste mecanismo poderá abrir espaço para o ingresso de armamento da OTAN em solo sueco, sobretudo nuclear, o que contribuiria para amargar ainda mais suas relações com Moscou.
Desde 1994, os suecos possuem um histórico crescente de cooperação com a OTAN e, apesar de não fazerem parte da mesma, especula-se que sua atitude de aderência ao Acordo de Anfitrião poderia ocasionar o entendimento de alinhamento ao Bloco pela sociedade internacional. Mas, o principal interesse de Estocolmo é a defesa do país contra uma possível guerra com os russos.
Neste bojo o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou: “Devese entender que, se a infraestrutura militar passa a estar mais perto das fronteiras russas, naturalmente, tomaremos as medidas militares e técnicas necessárias. Como diz o ditado, ‘nada é pessoal – apenas um negócio’”, pois existe um receio de que a Suécia possa permitir que a OTAN utilize suas bases militares e espaço aéreo para fins bélicos.
Em resposta, a Ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Margot Wallström, retrucou: “É a Suécia quem decide sua própria política externa. Nós não permitiremos que a Rússia passe a assustar-nos em relação a OTAN”.
Segundo os analistas, compreende-se que a questão é sensível, à medida que se observa o avanço da OTAN no sentido russo, e existe a alegação de descumprimento do Ato fundador de 1997, o qual acorda o não estacionamento permanente de força de combate em territórios de novos membros.
Por outro lado, percebe-se a responsabilidade sueca em preservar a paz regional a partir da manutenção de sua política de defesa e, ao mesmo tempo, responsabilidade em entender a conjuntura para além dos valores da OTAN, de modo a ter relações estáveis com a Rússia e seus vizinhos.
Moscou: OTAN tenta 'desestabilizar' Cáucaso com manobras na Geórgia¹
O ministério das Relações Exteriores da
Rússia acusou, na sexta-feira (06MAI2016), a OTAN de tentar
desestabilizar a região do Cáucaso com os exercícios militares conjuntos
que realizará na Geórgia, onde soldados americanos vão treinar com a
forças georgianas neste mês.
"Nós vemos este 'desenvolvimento'
consistente no território georgiano por soldados da OTAN como um
movimento provocativo, com o objetivo de desestabilizar deliberadamente a
situação político-militar na região do Cáucaso", disse em um
comunicado.
A Rússia e a Geórgia travaram uma guerra
breve em 2008 devido a uma disputa sobre a Ossétia do Sul, região
separatista da Geórgia que é financiada e apoiada por Moscou.
Depois da guerra, a Rússia reconheceu a
Ossétia do Sul e a Abkházia, outro território georgiano separatista,
como estados independentes e estabeleceu bases militares permanentes
neles.
A Geórgia considera que estas regiões
estão sob ocupação e acusa a Rússia de continuar conquistando mais áreas
através da ampliação dos limites geográficos da Ossétia do Sul em
direção ao interior do território georgiano.
O Ministério das Relações Exteriores
russo acusou Washington de "permitir o ímpeto revanchista de Tbilisi", a
capital da Geórgia.
Moscou acusou a Otan de tentar combater a
Rússia militarmente no leste da Europa com um aumento de tropas e
exercícios, mas a aliança afirma que está respondendo à anexação da
Crimeia, território ucraniano, pela Rússia.
O exercício militar na Geórgia, chamado
de Noble Partner - um esforço de cooperação militar no âmbito da Otan -
vai envolver cerca de 1.300 americanos, britânicos e georgianos, e
acontecerá em uma base próxima a Tbilisi durante duas semanas neste mês,
a partir de 11 de maio.
Como parte do exercício, os Estados
Unidos enviaram alguns M1A2 - seus principais tanques de batalha - para a
Geórgia pelo Mar Negro.
A Geórgia, um país montanhoso
ex-soviético, aspira ser membro da OTAN, o que irrita a Rússia, sua
antiga potência imperial, que se opõe fortemente à expansão da aliança
nas ex-repúblicas soviéticas.
O país não está, no entanto, em um processo formal para uma eventual adesão.
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